Estamos abrindo esta mensagem com um misto de alegria e temor diante da conjuntura em que se encontra o Brasil neste momento. Nos últimos anos, novamente estamos convivendo de forma escandalosa com cortes e desvios de verbas nas áreas da saúde, educação, cultura, infraestrutura, segurança pública, meio ambiente... Verbas estas desviadas para garantir o domínio político e o enriquecimento de algumas poucas famílias ou grupos. Para garantir o domínio sobre as massas, sutilmente usam a grande mídia de comunicação, alimentando, assim, o consciente e o subconsciente da população.
Vivemos num tempo em que vozes questionadoras são excluídas e silenciadas. Este fenômeno também se faz sentir no meio eclesiástico, quando igrejas ou grupos religiosos silenciam as vozes que denunciam a violência e a exclusão provocada contra grupos fragilizados, empobrecidos, povos originários, população negra, migrantes, LGBTQI+.
Diante de tudo o que vimos, ouvimos e sentimos, não podemos silenciar, mas, sim, levantar a voz profética e clamar, mesmo no deserto, acordados pelo Evangelho de Jesus Cristo, que afirma: “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mt. 10:28).
Confiantes sempre no Evangelho, pessoas que nos precederam há mais de 40 anos se sentiram motivadas a levantar a voz também naquela época. Quando ainda pairava sobre o país e a América Latina a nuvem escura das ditaduras militares, pessoas religiosas aqui e acolá se sentiram incomodadas com o que vinha acontecendo com toda essa gente. Pessoas que se reuniam para discutir e estudar o Evangelho, para se alimentar espiritualmente para um processo maior que estava irrompendo.
Lembramos que reuniões com grupos maiores eram proibidas, eram consideradas de risco para a segurança nacional. Mas, com certeza, podemos dizer, pela experiência, que Deus desperta e encoraja pessoas para levar a sua vontade adiante. “Anunciar a Boa Nova” para toda gente e toda criação. Vozes que brotavam das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, motivando teólogos/as para uma nova leitura da Bíblia, leitura voltada para dentro da realidade brasileira e latino-americana.
Passo a passo, também conseguiram converter pessoas das direções de algumas igrejas, que com certeza merecem ser conhecidas como pessoas corajosas para a época. Eram lideranças da Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB, Igreja Metodista e Igreja Presbiteriana Unida. Pessoas motivadas pela fé sentiram a necessidade de se reunir e achar caminhos pelo deserto ao encontro de água viva.
Hoje, podemos registrar com alegria uma caminhada que nos antecede 40 anos, a criação do Conselho Nacional de Igrejas Cristã do Brasil, inspirado no Evangelho (Mt. 17:21), consolidado no Conselho Mundial de Igrejas e no Vaticano II.
Queremos trazer, aqui, os nomes dos presidentes do CONIC:
- Dom José Ivo Lorscheiter – ICAR – 1982 / 1986
- P. Dr. Gottfried Brakemeier – IECLB – 1986 / 1990
- Bispo Isac Aço – Metodista – 1990 / 1991
- Dom Aluísio Sinésio Bohn – ICAR – 1991 / 1994
- Bispo Glauco Soares de Lima – IEAB – 1994 / 1998
- Rev. Joaquim Beato – IPU – 1998 2002
- Bispo Adriel de Souza Maia – 2002 / 2006
- P. Dr. Rolf Schünemann – IECLB – 2006 / 2006
- P. Carlos Augusto Möller – IECLB – 2006 / 20010
- Dom Manuel João Francisco – ICAR – 2011 / 20015
- Bispo Flávio Irala – IEAB – 2015 / 2017
- P. Inácio Lemke – IECLB – 2017 / 2019
- P. Inácio Lemke – IECLB – 2019 / 2023
Assim, queremos agradecer todo o empenho que demonstram na caminhada ecumênica e na consolidação de núcleos regionais e grupos solidários com a espiritualidade da Boa Nova. Nossos sentimentos de alegria iremos celebrar no próximo dia 9 de dezembro de 2022*, em Brasília. Sinta-se todos e todas convidadas para esta celebração ecumênica e aberta ao espírito inter-religioso. Anunciando sempre a Graça e Paz.
P. Inácio Lemke – Presidente do CONIC
*mais informações sobre esta celebração, em breve, em nosso site.
