Semana de Oração - Orar e construir a unidade na diversidade

Por Therezinha Motta Lima da Cruz

 

Há muitos anos me liguei ao CONIC, no desejo de experimentar essa gratificante aventura de viver a diversidade como uma riqueza dentro da unidade cristã. Tínhamos muitas atividades: encontros, planejamentos, estudos bíblicos mensais, assembleias. Mas a cada ano esperávamos com animada curiosidade o tema da Semana de Oração. Seria uma espécie de fio condutor da espiritualidade que estávamos sendo convidados a viver em cada tempo. Participávamos das celebrações que já vinham mais ou menos orientadas no livreto da Semana. Mas queríamos também refletir sobre o tema em grupos menores. A união com outros cristãos nessa Semana é um modo de nos sentirmos em comunhão com a Igreja em uma amplitude mais planetária. É muito bom saber que não oramos sozinhos, que somos parte de uma grande família que quer viver reconciliada em colaboração mútua. Como parte da Semana de Oração, participo sempre também, na véspera do dia de Pentecostes, de uma tarde de reflexão sobre o tema do ano, organizada em Brasília, já que faço parte de um grupo de convivência cristã ecumênica que se reúne mensalmente há muitos anos.

           

São momentos muito especiais em que a gente se sente participando de algo maior, de uma transformação histórica. Durante séculos houve enfrentamentos, separações dolorosas e até violentas. Pareceria impossível consertar isso... Mas o Espírito Santo tem outros planos e lá estamos nós orando juntos, proclamando ao mundo que a união é possível, que podemos nos ver como irmãos de uma grande família. Tenho certeza de que a unidade plena virá, de um modo que Deus vai inspirar e orientar, mas sei que podemos escolher entre duas alternativas: ser parte da solução (vivendo a emoção de construir algo bonito, agradável a Deus e, para alguns, inesperado) ou continuar sendo parte do problema (perdendo a oportunidade de descobrir novos amigos e de fortalecer a Igreja como um todo a partir da unidade na diversidade).

           

Igrejas orando juntas passam uma imagem muito positiva até para aqueles que ainda não creem. Aliás, o grande problema que tem afastado muita gente do cristianismo não está na mensagem de Jesus nem no exemplo que ele nos deixou. É comum ouvir gente encantada com Jesus e desencantada com o comportamento dos cristãos. E como vamos anunciar, divididos, um evangelho que proclama acima de tudo o amor fraterno?  Afinal, nosso Mestre mesmo nos indicou o caminho: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. (Jo 13, 34)

           

Uma das sensações mais gratificantes da Semana de Oração é justamente a percepção de que, embora ainda tenhamos que trabalhar muito para chegar a uma unidade maior, mais reconciliada, com total colaboração mútua, estamos a caminho. E não estamos sozinhos nessa caminhada. Cada cristão de outra Igreja que ora conosco é uma ampliação da nossa família de fé, um companheiro que Deus nos dá na grande e emocionante tarefa de construir, juntos, um mundo melhor, à luz da fraternidade que nos identifica como discípulos daquele que nos chama a viver como irmãos.

           

Pessoalmente, sei que o meu horizonte se ampliou no contato fraterno com irmãos cristãos de outras Igrejas. A Semana de Oração é uma ocasião especial que alimenta esse sentimento. Ao perceber como é bom abrir o coração ao outro num trabalho ecumênico, fica também mais claro como é muito enriquecedora a atitude de aceitar a diversidade em tantos outros campos, como, por exemplo: na nossa própria Igreja, na família, na vizinhança, no ambiente de trabalho.

           

Como tudo mais que Deus nos pede, o ecumenismo nos faz bem, alegra o coração, proporciona oportunidades de viver a maravilhosa aventura de descobrir dons e talentos a serem partilhados para o bem comum. A oração conjunta é um modo privilegiado de interiorizar essa espiritualidade tão cheia de força e de alegria!

 

 

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