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Vozes dos povos da floresta ecoam no X Fospa em Belém

Vozes dos povos da floresta ecoam no X Fospa em Belém

O primeiro dia do X Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA), que ocorreu em 28 de julho, foi banhado pelo mar de povos amazônicos que caminharam nas terras da capital da resistência, Belém, trincheira dos povos.

No sol ou na chuva, as vozes dos povos da floresta ecoaram em som de esperança, união, força e resistência. Revolta e gritos por justiça também marcaram emocionados momentos que fizeram presentes os mártires das Amazônias.

O ato reuniu cerca de três mil pessoas vindas de territórios nacionais e internacionais, povos plurais de culturas, costumes, línguas e sabedorias distintas, filhos e filhas da terra, das águas e da floresta.

Indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses e movimentos sociais teceram o esperançar nas Amazônias e fizeram da abertura do X Fospa, um momento tomado pela energia de quem enxerga a Amazônia como uma vida (sujeita de direitos) que necessita urgentemente ter os seus direitos garantidos.

Com concentração na escadinha do cais, a caminhada seguiu pela Avenida Presidente Vargas, Praça da República e parada na Praça Waldemar Henrique, onde na Concha Acústica lideranças indígenas, o Prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues e o Reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Tourinho, parceiros na promoção do evento, falaram da importância do FOSPA e dos temas em pauta durante os quatro dias do histórico encontro.

“A luta pela região é uma luta dos povos da Amazônia e dos movimentos sociais, à qual a Universidade Federal do Pará se junta. Produzimos a ciência fundamental para construir um projeto de desenvolvimento sustentável que garanta a preservação da biodiversidade e gere benefícios para as pessoas que aqui vivem. O conhecimento produzido na Universidade tem o compromisso com a luta pelos direitos dos povos da Amazônia e também com democracia”, afirmou Emmanuel Tourinho, Reitor da UFPA.

Apresentações culturais, como grupos de carimbó e rodas de samba, embalaram o público presente na marcha que reuniu representantes dos nove países que integram a Pan-Amazônia.

Ato dos Mártires

O Ato dos Mártires da Floresta Amazônica foi um dos pontos altos do X Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA). Com a participação de mais oitocentas pessoas, o Ato homenageou vinte mártires dos países da Pan-Amazônia e dos estados da Amazônia brasileira, pessoas que dedicaram suas vidas em defesa da floresta. Uma homenagem especial também foi feita aos povos indígenas, os grandes mártires da Amazônia.

A histórica celebração iniciou com apresentação das Suraras do Tapajós e uma homenagem às vítimas da Covid-19. Antes do início do ato foi colocado um panô para que as pessoas pudessem escrever os nomes de familiares e amigos que morreram de COVID-19. Este panô com os “Mártires da Covid-19” abriu as homenagens aos Mártires.

Alcidema Magalhães e José Francisco dos Santos Batista, do Comitê Dorothy foram os apresentadores do evento e trouxeram a importância deste momento no X Fórum Social Pan-Amazônico: “A Amazônia não tem tempo para esperar. A situação da Amazônia é uma emergência global. Portanto, precisamos do esperançar que age, revoluciona e tem esperança por mudar a história da Amazônia. A maior floresta tropical do planeta pede socorro. E nosso esperançar tem que ser revolucionário. Temos que nos unir para lutar em defesa da Amazônia”.

Ao som dos tambores das Suratas do Tapajós, estandartes para cada um dos mártires da floresta amazônica foram sendo conduzidos ao palco, sob a voz altiva da plateia de: “Presente! Presente! Presente!”.

Mameto Nagetu fez uma acolhida, em nome de todas as representações religiosas, aos mártires homenageados. Num discurso acalorado sobre a importância da luta dos mártires, como inspiração para que todos lutem em defesa da Amazônia.

Foram exibidos pequenos vídeos sobre a vida dos mártires da Pan-Amazônia homenageados e o grupo de Dança IAÇÁ da Igreja Evangélica de Confissão Luterana e o grupo de Atabaques do terreiro de Mameto Nangeto se apresentaram, levantando a plateia que dançou e cantou junto com os artistas.

Os participantes receberam o livreto: Mártires da Floresta Amazônica, uma publicação com breve biografia de cada um dos mártires homenageados e seguiram em cortejo até às margens do Rio Guamá, onde o Ato foi encerrado com uma ampla roda de Carimbó esperançado e celebrando a vida de todos os mártires da floresta amazônica e todos os povos da Pan-Amazônia.

O evento foi organizado pelo Grupo Articulação Ecumênica e inter-religiosa para o X Fospa.

“Pisar Suavemente na Terra”

Previsto para estrear ainda este ano, a exibição do documentário “Pisar suavemente na terra” foi outro ponto forte do FOSPA. A obra encantou a todos os participantes, que ficaram atentos a cada fala, cor e movimento. Levou um auditório lotado e mais 82 espectadores virtuais a durante 71 minutos ficarem não só em estado de contemplação, mas a “pisar suavemente”.

Na viagem poética, também o percurso da violenta realidade de uma Amazônia que resiste e não abre mão de ser protagonista da construção do seu futuro. A identidade pura dos povos da floresta e do verde que os rodeiam são protagonistas do filme, que tem como principal personagem Ailton Krenak, indígena escritor que ao longo de sua vida tem destacado a essência da sua gente, originários da terra.

Com duração de 72 minutos o longa se passa em quatro atos: “Anúncio”, “Guerra”, “Morte” e “Horizontes”. E garante: o futuro é ancestral e a humanidade precisa aprender com ele a pisar suavemente na terra.

“É na ancestralidade dos amazônidas que está a resposta para a produção de um novo futuro”, afirma o diretor, professor e pesquisador Marcos Colón, que aceita o desafio de, a partir da exploração econômica da floresta amazônica discutir as alternativas para enfrentar o capitalismo selvagem do ponto de vista indígena. Os 18 meses de filmagens aconteceram no Brasil (Santarém, Marabá e Tabatinga), Peru e Colômbia.

Em breve, traremos novas informações sobre o FOSPA, em especial, as atividades ecumênicas e inter-religiosas. Fiquem ligados em nosso site e também no site da organização: www.fospabelem.com.br/pt_br

Com informações do FOSPA
Foto1: Michele Jaques
Foto2: Mídia Ninja
Foto3: Reprodução/FOSPA

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