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Mayrinkellison Wanderley: um batista na diretoria do CONIC

 
No mês de maio, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) ganhou uma nova diretoria que, pela primeira vez, passou a contar com a presença de um batista: Mayrinkellison Wanderley. Paraibano com orgulho, ligado à Aliança de Batistas do Brasil, ele agora ocupa a tesouraria do Conselho.
 
Formação
 
Teólogo e mestre em Missiologia, Wanderley também tem formação em História e é bacharel em Direito. Além disso, possui especializações nas áreas de Direito Societário, Direito da Saúde e Gestão de Pessoas. Atualmente, encontra-se como mestrando em Direito da Regulação pela Fundação Getúlio Vargas e é professor de Ensino Religioso na rede estadual de educação do Rio de Janeiro.
 
Pastor batista desde 1999, o novo tesoureiro já atuou como coordenador de missões da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira (2006-2013) e presidiu a Convenção Batista Norte-Rio-Grandense (1999-2006).
 
A seguir, confira a entrevista que fizemos com ele.
 
Pra você, o que é ecumenismo?
 
É a essência da religiosidade, a porta da tolerância e o desafio dos seres humanos em conviver com a espiritualidade de cada um de forma respeitosa. Deus é, em sua essência, plural. A divindade nos brinda com a diversidade para que possamos superar nossas diferenças pelo amor ao próximo, à natureza e a Deus. 
 
Como vê o papel do CONIC no fomento do diálogo entre igrejas cristãs?
 
Como braço do Conselho Mundial de Igrejas, o CONIC tem um papel preponderante na difusão da abertura de diálogo entre as religiões naquilo que mais intriga o ser humano: sua experiência com o Divino. A experiência espiritual é praticamente inata, e dentro de diferentes perspectivas religiosas, há que se ter um espaço para a conexão, a conversa, o despir-se da arbitrariedade de uma religião voltada para si mesma para a aprendizagem com o que é diferente. O CONIC é a expressão da alteridade.
 
Como você recebeu a sua eleição para a Diretoria do CONIC?
 
Com muita responsabilidade e temor pude representar a Aliança de Batistas do Brasil na Diretoria do CONIC. Por ser uma organização que tem conexões internacionais, o dever de mordomia deve ser redobrado e a prestação de contas deve ser não apenas ao próprio CONIC, mas a todos os que interagem no ambiente ecumênico.
 
Qual é, na sua opinião, o maior desafio do movimento ecumênico hoje?
 
Vencer a barreira entre os próprios cristãos. No momento, vemos cristãos que não se entendem dentro de uma mesma denominação. O pós-denominacionalismo não veio com roupagem de pluralidade, mas como isolamento de grupos que se sentem donos da verdade. Sem o reconhecimento verdadeiro e sincero de que somos diferentes e, mesmo assim, precisamos andar juntos, o simples discurso de que aceitamos o outro não passa de cinismo. É reconhecendo as diferenças que o ecumenismo cresce, não procurando não vê-las.
 
E para o CONIC, quais são os desafios que você vislumbra... e quais são as esperanças?
 
Vivemos tempos de intolerância em todos os níveis da sociedade: na família, no trabalho, nas organizações sociais, na política, no país. Não seria diferente no ambiente religioso. Aparentemente, o maior desafio é vencer os problemas domésticos. Dentre as igrejas-membro do CONIC deve haver um profundo e intencional trabalho de horizontalização das relações no sentido de diálogos e mais diálogos superarem diferenças seculares. Temas como a hospitalidade eucarística e o rebatismo devem ser revisitados, pois voltam à tona em algumas igrejas um fundamentalismo que não é saudável para o movimento ecumênico. Por outro lado, acredito que em tempos difíceis como o atual, aqueles que estão verdadeiramente comprometidos com a causa ecumênica, antes fragmentados em várias igrejas, tendem a encontrar-se e somar forças por um bem comum.
 
Gostaria de acrescentar algo? Falar mais de você?
 
Sou casado e tenho um filho. Sou atualmente advogado e frequento no Rio de Janeiro a Igreja da Praia, que está em fase de revitalização. Minha vida cristã começou em lar plural: pai kardecista e mãe católica, aos 14 anos visitei uma Igreja Batista, quando decidi seguir o Evangelho. A partir daí, toda a vida foi envolvida com o trabalho missionário. Pelas visitas a diversos países, pude constatar que a diferença é a essência da vida. Desde as comunidades isoladas na Mongólia, até as tribos de pigmeus e os grupos andinos na América Latina, reconhecer que meus irmãos são diferentes e ao mesmo tempo pó do mesmo chão me ajudou a encarar a vida de outra forma: há muitas visões de mundo, mas somos todos moradores dessa grande casa comum, que é nosso planeta.
 

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